quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Onde está o programador?

Paulino Michelazzo
Paulino Michelazzo CMS Expert e Escritor Técnico

Escritor por DNA, programador por opção e vivenciando a Internet desde 1995, é diretor da Fábrica Livre, empresa especializada em soluções para a Internet com ferramentas de gestão livres.


Ser empresário no Brasil é uma atividade tão impressionante quanto um malabarista do Cirque du Soleil. Além de fazer seu trabalho de gerar negócios e manter clientes, é obrigado a camelar para pagar impostos, taxas, propinas, almoços e outras coisas e enfrentar a burrocracia advinda do DNA podre de nossos “descobridores” que impera na terra brasilis.

E para a aquele que se aventura na selva do empresariado de TI existe uma nova atividade: a busca de profissionais programadores. Acredite, está em falta e em muita falta.

Muitos vão dizer que estou louco pois a quantidade de profissionais formados todos os anos pelas universidades e faculdades brasileiras é maior do que o mercado pode absorver. Esquece-se porém este que comenta desta forma que a maioria das instituições solta na selva gatinhos manhosos ao invés de verdadeiros tigres. O nível é tão baixo e tão ruim que a perplexidade toma conta das empresas que precisam de bons profissionais ao ponto de serem tomadas decisões drásticas como re-ensinar os que das faculdades sairam com tudo aquilo que elas não ensinaram (e que deviam) e pelo que foram pagas mas não entregaram.

Acreditando ser um problema meu e de minha empresa devido a especificidade do trabalho que realizamos, perguntei para alguns amigos, também micro-empresários, se eles sofriam do mesmo mal. Veio estampada na cara de cada um deles com um sorriso amarelo a resposta engraçada: “se fosse só você que sofre disso, estávamos bem”. Um deles, programador de código fino e bem feito, possui uma empresa onde estão cinco vagas abertas para profissionais ou estudantes de uma determinada linguagem. Outro, tão bom quanto, possui mais três. De meu lado, são nove postos abertos que não são preenchidos por falta de pessoas que possuam o mínimo de conhecimento. Uma lástima.

E o que falta?
Falta quem presta realmente. Questiono dezenas de pontos dos curricula das faculdades que são comuns à todas elas. Ensinam uma linguagem de programação ao invés de lógica ou algorítimos; ensinam um banco de dados de um grande player qualquer ao invés de SQL ANSI e modelagem; ensinam Windows ao invés de sistemas operacionais. Pior ainda é ler os curricula que recebemos. Nem mesmo o português escrito presta e se questionarmos algum conhecimento básico da língua franca mundial, be my guest, we’re fucked!

O lado pessoal ou social do candidato é algo indiscritível. A maioria não sabe onde fica a Índia e pensa que o Vale do Silício tem este nome porque produz silício. Em contrapartida a maioria conhece todas as marcas e modelos dos carrões da atualidade e até mesmo a cor da calcinha de uma cantora de sucesso. Tudo sabem, exceto aquilo que precisam saber para comprar o carrão que conhecem ou ainda para comprar o melhor ingresso existente daquela que escarafuncharam até as entranhas.

Empreendedorismo? Para quê? Somos uma nação de mão-de-obra escrava (olha o DNA aí), proletariada e que depende das migalhas do governo para se manter. Enquanto nos países desenvolvidos é ensinado desde a tenra idade como ser empreendedor até mesmo dentro de casa, aqui ensinamos o caminho das pedras para se tornar um funcionário público. Emprego “garantido” e pouco trabalho, além, claro, dos “benefícios” oferecidos.

Para nós que nos aventuramos em criar empresas, gerar riquezas e oferecer empregos, sobram várias vagas abertas por pura incapacidade daqueles que “querem” trabalhar. Afinal trabalhar mesmo não é com eles. É melhor ter a garantia do emprego público do que dar a cara a tapa no dia-a-dia. Pelo menos o peru bombado de natal está garantido.


Fonte: http://blog.imasters.uol.com.br/paulinomichelazzo/

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