segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Com preços baixos, lojas virtuais falsas atraem consumidor

STEFHANIE PIOVEZAN
colaboração para a
Folha de S.Paulo

O pedido nº 6.049 foi confirmado com sucesso e deveria ter sido entregue até 5 de setembro, não tivesse Gert Mandel, 79, realizado sua compra no site de uma empresa falsa. A câmera digital era oferecida por R$ 569,48 pela Mundy Variedades no Shopping UOL.

"Ainda neste mês o Shopping UOL passa a disponibilizar a avaliação das lojas, que será feita por nossa equipe. Assim não há como burlar o sistema de avaliações", diz o provedor.

"As empresas que aplicaram golpes geralmente anunciaram em grandes comparadores", diz Maurício Vargas, diretor do Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br), que deve lançar um comparador de empresas idôneas no mês que vem.

Com uma audiência declarada de 1,5 milhão de acessos por mês, o site calcula que, só no ano passado, os golpes de lojas virtuais no Brasil tenham causado um prejuízo de R$ 300 milhões; a previsão para este ano é de R$ 500 milhões.

O número de registros liga-se à ampliação do comércio virtual. De acordo com a apuração da consultoria e-bit, só no primeiro semestre de 2008 as vendas on-line movimentaram no país R$ 3,8 bilhões, crescimento de 290% frente ao mesmo período de 2005.

Além do aumento do comércio, há a migração de quadrilhas, que vão para a rede porque ela é mais rentável e porque têm "uma falsa sensação de que ficam impunes", diz José Mariano de Araújo Filho, delegado da 4ª Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado).

O número de golpes relaciona-se ainda aos costumes do internauta. 'Brasileiro só pensa na segurança depois que vira vítima. Não adianta querer economizar em software, antivírus e firewall', diz o delegado.

Avanço do crime

"Os crimes cibernéticos estão avançando com muita velocidade, e a melhor forma de interromper esse avanço é o estabelecimento de uma 'rede do bem', composta pela polícia, demais órgãos encarregados da perseguição penal e pela indústria de alta tecnologia."

Essa foi a conclusão da Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos e da Conferência Internacional de Ciência da Computação Forense, realizadas no mês passado pela Abeat (Associação Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia).

Só neste ano, a 4ª Delegacia registrou um aumento de mais de 60% no número de ocorrências em relação a 2007.

O que não significa necessariamente um aumento dessa magnitude no número de crimes, mas sim o crescimento das notificações. "Há uma consciência maior. Boa parte das vítimas está preocupada em registrar o crime", disse o delegado.

O número de reclamações ligadas ao ambiente virtual cresceu também no Procon, que disponibiliza uma cartilha para orientar o consumidor de eletrônicos (www.procon.sp.gov.br). "Com o aumento na oferta há um aumento dos problemas", diz Andrea Sanchez, diretora de programas especiais da fundação.

Como se prevenir:

Examine o site - Verifique se há e-mail ou formulário para contato e teste o serviço de comunicação.

CNPJ - Confirme o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) da empresa no site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br).

Endereço - Peça telefone e endereço para confirmar a existência física da empresa.

Preço - Desconfie de preços muito baixos em relação à concorrência.

Use comparadores - Verifique com outros usuários do site o histórico de negociações do anunciante.

Segurança - Ao realizar transações, verifique se o site é 'http' e se possui um ícone de cadeado.

Pagamento - Em caso de depósito, confira se a conta está em nome da razão social da empresa.

Comprovantes - Guarde os documentos que comprovam a compra e o pagamento.

Denúncias - Se for lesado, procure o Procon (www.procon.sp.gov.br) ou uma delegacia.

Evite problemas - Não abra spams e mantenha seu antivírus e seu firewall atualizados.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u457584.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário